"Chico Saldanha tem importância fundamental para a moderna
música popular produzida no Maranhão. Para ficarmos em apenas dois bons
exemplos: foi ele quem tocou, ao violão, para Papete, as músicas que viriam a
emocionar o publicitário Marcus Pereira, que imediatamente tratou de garantir
seu registro no antológico Bandeira de Aço (1978); como integrante da primeira
formação do Regional Tira-Teima, ao violão, acompanhou Chico Maranhão no
igualmente antológico Lances de Agora (1978), também lançado pela gravadora
Discos Marcus Pereira. Os dois álbuns são considerados divisores de águas. O
resto é história.
Consciente de seu papel e lugar, e sem afobação, o
rosariense só estrearia em disco solo 10 anos mais tarde, no LP homônimo Chico
Saldanha (1988), que traria ao menos um clássico de nossa música popular: a
toada Itamirim, interpretada por Tião Carvalho. Antes, Saldanha já havia
prestado reverência e registrado em disco, ao lado dos então também produtores Giordano
Mochel e Ubiratan Sousa, as vozes e talentos singulares de Agostinho Reis,
Antonio Vieira, Cristóvão Alô Brasil e Lopes Bogéa, no compacto Velhos Moleques
(1986).
Levou 10 anos entre a estreia de Saldanha e o segundo disco,
Celebração (1988). A média se manteve entre estes e os títulos seguintes: Emaranhado
(2007) e o recém-lançado Plano B (2017). Dois motivos parecem justificar tanta
espera entre um e outro: o primeiro é que o advogado de formação realiza seus
trabalhos às próprias custas; o segundo é o capricho com que ele mesmo cuida de
cada detalhe. Modesto, ele cita a poeta polonesa Wisława Szymborska: 'a
imperfeição é mais fácil tolerar em doses pequenas'.

Plano B reúne algumas características comuns à carreira de Saldanha, sem que isso signifique mais do mesmo. Está lá sua versatilidade como compositor (sozinho ou em parceria assina as 11 faixas da bolachinha), passeando por balada, blues, reggae, xote, bumba meu boi, tango, choro e bolero, com pitadas de brega – 'Chico sempre o aborda com uma ironia muito particular' – e 'a lírica amorosa quase sempre presente', como destaca o poeta Celso Borges em texto no encarte".
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