
Aos 12 anos começou a trabalhar como empregada
doméstica, ofício que só largou aos 58 para cantar cacuriá. Estudava em casa,
fazendo cartilha, e cursou apenas a 1ª série do ensino fundamental. Não pôde
continuar os estudos por não ter como pagá-los e, também, porque precisava
trabalhar. Mas todas essas dificuldades não foram obstáculo para que sua
estrela viesse a brilhar anos mais tarde.
Dona
Teté define-se como autodidata. Confessa que aprendeu a tocar caixa aos oito
anos de idade, 'espiando' uma senhora chamada Maximiana, que morava perto de
sua casa. Como ninguém da sua família gostava de participar de manifestações
populares, ela teve que improvisar uma passagem na cerca do seu quintal para
poder ter acesso à casa de dona Maximiana. 'Eu aprendi olhando e escutando,
ninguém me ensinou', enfatiza sempre que é questionada sobre o assunto.
Assim
que aprendeu a tocar caixa, a pequena Teté passou a ser frequentadora assídua
de ladainhas e alvoradas. Sua inserção no mundo da cultura popular se deu por
volta dos seus 50 anos, quando começou a participar das festividades do Divino
Espírito Santo, promovidas pelo folclorista Alauriano Campos de Almeida, o
‘seu’ Lauro, na Vila Ivar Saldanha, em São Luís. Integrou também o tambor de
crioula, mas sua grande paixão passou a ser a dança do cacuriá.
Sempre
polêmica com seu jeito de dançar – no cacuriá de seu Lauro era a única que
rebolava de jeito sensual – destacou-se em tudo o que fez e em 1980 recebeu um
convite do Laboratório de Expressões Artísticas (Laborarte) para ensinar o
toque de caixa do Divino para uma peça teatral chamada “Passos”. Em 1986, com a
ajuda do grupo, criou o Cacuriá de Dona Teté, que hoje é conhecido dentro e
fora do país. Já fez apresentações em vários estados brasileiros, como São
Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco,
Tocantins e Bahia, e em 1994 levou o grupo para Portugal. Apesar de dizer
não se lembrar da idade em que casou, conta que foi muito feliz com o seu
marido, Manoel dos Santos, a quem chamava carinhosamente de 'Seu Manoel' ou 'Carneiro'. Teve apenas uma filha, que lhe deu cinco netos. Seu Manoel não
gostava muito da idéia de sua esposa passar as noites de São João pelos
arraiais da cidade dançando ou cantando cacuriá, mas não reclamava e nunca a
impediu de fazer o que gostava.
Em 1997, Dona Teté perdeu o seu fiel
companheiro. Da sua família, a única pessoa que herdou o gosto pelo cacuriá foi
seu neto, Beto, que já foi caixeiro da brincadeira e seu grande parceiro em
todas as apresentações e diversões do período junino. O cacuriá é a
atividade mais importante da vida de Dona Teté, que também é coreira de tambor
de crioula e rezadeira de ladainhas. Desde que largou a vida de empregada
doméstica, só o que fez foi cantar e tocar cacuriá. Sua maior alegria é ensinar
as pessoas - sejam crianças, jovens, adultos ou idosos - a dançar, a cantar e a
tocar o cacuriá. Diz que, quando morrer, quer ser lembrada como aquela que
ensinou ao povo a dança do cacuriá. E o povo, com certeza, não a esquecerá.
Em todos os locais em que chega para apresentar o cacuriá, Dona Teté é recebida
com bastante entusiasmo pelo público. Seu carisma, sua alegria e,
principalmente, sua irreverência, são suas características mais marcantes. Ela
não se acanha em, vez por outra, soltar alguns palavrões quando alguma coisa
não lhe agrada. Também não dispensa a catuaba – tradicional bebida de São Luís
– e, quem bem souber não lhe ofereça água. (Jornal Cazumbá)".
Cacuriá de Dona Teté - Coletânea
Adaptação: Cassio Oliveira
O link está indisponível. Adorei o site, Parabens ao grupo por divulgar e enaltecer nossa linda cultura maranhense!
ResponderExcluirOlá!
ExcluirGrato pela visita e informo que o link está atualizado.
Volte sempre!